Venho ao longo dos últimos 15 anos pesquisando sobre como as instituições educacionais podem promover e facilitar os processos de aprendizagem. Mas especificamente nos últimos 8 anos, minha pesquisa voltou-se para como tudo isso pode ser favorecido por meio das tecnologias de informação e comunicação.
Inicialmente observava nas iniciativas da educação à distância a dificuldade de implantar metodologias eficientes. O que se tinha era basicamente uma tentativa de reprodução do ensino convencional. Sendo ainda o ensino brasileiro bastante comportamentalista, não era difícil observar isso refletido nos cursos à distância.
Mesmo a partir da década de 90, onde ganhamos com a Internet um espaço diferenciado para desenvolver esta modalidade educacional, o que se viu foi mais uma vez uma reprodução de conteúdos e atividades tal qual se via no modelo presencial. O que seria diferente então? Neste caso, somente o meio pelo qual o conteúdo chegava às pessoas.
Porém, equipes multidisciplinares no mundo todo começaram a discutir seriamente o assunto, ao perceber que as tecnologias por si só não mudariam os rumos da educação. Precisava muito mais que excelentes ambientes virtuais de aprendizagem.
Foi nesta reflexão que se construíram metodologias mais adequadas e muitas delas baseadas fortemente nas teorias de aprendizagem da linha cognitivista apoiadas pelos estudos da andragogia.
Assim, ao definir-se um curso mediatizado por tecnologias, algumas perguntas tornaram-se muito importantes como: Quem são as pessoas que vamos formar, o que elas já sabem sobre o que vamos falar e o que elas não sabem? Como elas aprenderam a aprender? Quais seus estilos cognitivos? Que competências essas pessoas precisam desenvolver?
Essas perguntas começaram a fazer a diferença em muitas instituições de educação à distância, uma vez que as pesquisas de impacto mostravam resultados melhores do que aquelas que continuavam repetindo o modelo convencional de ensino.
E agora, o que muda com as possibilidades de interação da web 2.0? Sabemos que as teorias de aprendizagem cognitivistas e a própria andragogia defendem que os processos de interação são ricos aliados na construção de conhecimentos. Assim temos na web 2.0 todo um conjunto de recursos para promover situações de interações. Porém, mais uma vez não podemos esquecer que não serão as ferramentas que farão a diferença e sim o uso que faremos delas.
Temos de lembrar, também, que situações de interação criadas precisam de pessoas desejosas a interagir. Todavia, ainda temos uma cultura muito forte de uma aprendizagem passiva, que foi incutida nas pessoas desde tenra idade.
Isso nos mostra que o desafio vai além de tecnologias e também das metodologias. Há que se levar às pessoas a refletirem seus esquemas mentais, a entenderem a importância e os ganhos que terão ao participarem de processos interativos. Podemos dizer que é uma mudança cultural de como as pessoas aprenderam a aprender. Falar em mudança de cultura é mexer fortemente em crenças e verdades. Deu para perceber o desafio que temos nas mãos?
Mas penso que o fato de estarmos aqui refletindo sobre isso, já mostra que o caminho está aberto e que pesquisadores como eu e como você, leitor, podem contribuir para que a geração de nativos digitais e a de não-nativos possa crescentemente entender e assim usufruir das possibilidades educacionais da Web 2.0.
*Rita Guarezi é diretora superintendente do IEA – Instituto de Estudos Avançados. Pedagoga com especialização em Metodologia do Ensino e Gestão de Informática na Educação e doutora em Engenharia de Produção Mídia e Conhecimento.
Mesmo a partir da década de 90, onde ganhamos com a Internet um espaço diferenciado para desenvolver esta modalidade educacional, o que se viu foi mais uma vez uma reprodução de conteúdos e atividades tal qual se via no modelo presencial. O que seria diferente então? Neste caso, somente o meio pelo qual o conteúdo chegava às pessoas.
Porém, equipes multidisciplinares no mundo todo começaram a discutir seriamente o assunto, ao perceber que as tecnologias por si só não mudariam os rumos da educação. Precisava muito mais que excelentes ambientes virtuais de aprendizagem.
Foi nesta reflexão que se construíram metodologias mais adequadas e muitas delas baseadas fortemente nas teorias de aprendizagem da linha cognitivista apoiadas pelos estudos da andragogia.
Assim, ao definir-se um curso mediatizado por tecnologias, algumas perguntas tornaram-se muito importantes como: Quem são as pessoas que vamos formar, o que elas já sabem sobre o que vamos falar e o que elas não sabem? Como elas aprenderam a aprender? Quais seus estilos cognitivos? Que competências essas pessoas precisam desenvolver?
Essas perguntas começaram a fazer a diferença em muitas instituições de educação à distância, uma vez que as pesquisas de impacto mostravam resultados melhores do que aquelas que continuavam repetindo o modelo convencional de ensino.
E agora, o que muda com as possibilidades de interação da web 2.0? Sabemos que as teorias de aprendizagem cognitivistas e a própria andragogia defendem que os processos de interação são ricos aliados na construção de conhecimentos. Assim temos na web 2.0 todo um conjunto de recursos para promover situações de interações. Porém, mais uma vez não podemos esquecer que não serão as ferramentas que farão a diferença e sim o uso que faremos delas.
Temos de lembrar, também, que situações de interação criadas precisam de pessoas desejosas a interagir. Todavia, ainda temos uma cultura muito forte de uma aprendizagem passiva, que foi incutida nas pessoas desde tenra idade.
Isso nos mostra que o desafio vai além de tecnologias e também das metodologias. Há que se levar às pessoas a refletirem seus esquemas mentais, a entenderem a importância e os ganhos que terão ao participarem de processos interativos. Podemos dizer que é uma mudança cultural de como as pessoas aprenderam a aprender. Falar em mudança de cultura é mexer fortemente em crenças e verdades. Deu para perceber o desafio que temos nas mãos?
Mas penso que o fato de estarmos aqui refletindo sobre isso, já mostra que o caminho está aberto e que pesquisadores como eu e como você, leitor, podem contribuir para que a geração de nativos digitais e a de não-nativos possa crescentemente entender e assim usufruir das possibilidades educacionais da Web 2.0.
*Rita Guarezi é diretora superintendente do IEA – Instituto de Estudos Avançados. Pedagoga com especialização em Metodologia do Ensino e Gestão de Informática na Educação e doutora em Engenharia de Produção Mídia e Conhecimento.
Um comentário:
ola, Rodrigo
Gostei do seu blog e gostaria de saber se o Sebrae ainda está promovendo cursos em SL e como eu poderia participar. Queria saber tb se a iniciativa deu bons resultados.
um abraço
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